Dizem que quando o Tempo colidir com o Espaço esse lugar poderá sumir do mapa. Creio que minha existência venha sido em razão disso tudo. Sei que é meio sem nexo, mas venho tendo pesadelos, iguais os daquela época. Bela garota! Fora a primeira a me confortar. A primeira vez que alguém não correu de medo ou simplesmente me julgou sem se quer escutar o que eu tinha para dizer. Alicia! Esse era seu belo nome. Alicia!
Meu primeiro pesadelo. Fora nesse jardim. Ninguém tinha a permissão de me incomodar. O que eles estavam fazendo aqui? Quem pensão que são? Este lugar é meu. Vão embora! Voltem para o lugar de onde vieram. Assim era meu pensamento. Alicia! Sonho com o dia em que sua voz volte a habitar meus ouvidos. Lembro do que me dissera:
- Alicia vai cuidar de você.
Naquela hora abri meus olhos e pude a ver. Como uma garotinha tão jovem podia ter um coração tão puro e amoroso como o seu? Você fora o primeiro ser a me oferecer ajuda. E eu que pensava que os humanos só queriam me prender dentro daquelas bolas apertadas. Como um Pokémon pode conseguir viver dentro daquilo?
Quando não mais aguentava a angústia de meus pesadelos você soube me conter. Você soube dizer exatamente o que eu queria ouvir. Tão inocente, mas tão diferente. Será que existem outros humanos assim? Tão acolhedores, que não me querem apenas como status ou algo do tipo? Será que mais alguém me dirá coisas belas como ela me dissera quando estava eu, lá atirado ao pé de uma árvore, após fugir de meus sonhos?
- Você está fugindo? Quer ficar aqui?
- Tudo bem se eu ficar?
- Você pode ficar pra sempre aqui! Porque aqui é de todo mundo!
“Aqui é de todo mundo!” Nunca me esquecerei disso. Não importa o quanto os humanos, ou até mesmo os próprios Pokémon me odeiem. Este lugar é deles, junto a mim. Junto a Alicia. Sim, junto a Alicia!
Como uma boneca de pano, uma folha de outono, ou então um papel jogado de ultimo andar dessas estruturas metálicas neste lugar postas. Eu a vi despencar de cima daquele morro, gritava de desespero. Não tive dúvidas, “aqui é de todo mundo”, tive que salva-la. Saltei em sua direção, passando por duas árvores ali postas com você nos braços. Que alívio! E se ali eu a perdesse? Senti que alguém se aproximar, então apenas a repousei na macia grama do jardim, e através de minha sombra me refugiei para o meio das árvores.
Os pesadelos voltaram. Estou tão confuso. Não sei dizer ao certo quem é culpado. Só sei que esse lugar não é deles. Devo expulsa-los antes que acabem com tudo. Mas quem são eles? Os humanos? Outros Pokémon? Não sei. Estou tão confuso. Ambos me confrontam. O que devo fazer? No momento só posso mandá-los em um sono profundo. Em um pesado-lo dentro de suas próprias almas. Em uma viagem astral para descobrirem, e assim me disserem quem são os culpados. Posso tentar. Mas... como fazer isso se não sei quem é culpado? Maldição. Por que vocês não desaparecem logo?!
Não pode ser. Um deles... O que sinto é fúria? Como pode ter acontecido isso? A barreira entre o Espaço está aberta. Logo o Tempo também se extinguirá. Devo confrontá-los. Somente eu posso consertar. Alicia, isso é por você, que me ensinou a ver um mundo diferente. Um mundo em que ninguém está sozinho. Um mundo que é de todos. Todos, menos desses dois que pretendem destruir com o que não é deles.
- Parem de lutar.
Caíam os dois na direção dela. Sim... era Alicia! Tenho certeza disso. Não vou permitir que a machuquem. Lancei-me entre eles e ela os impedindo de feri-la. Após isso voltamos aos céus. Desta vez era contra mim. Finalmente. Finalmente eu havia encontrado os responsáveis por essa colisão, entre Tempo e Espaço.
Preparei meu golpe, desta vez para mandá-los de volta aos seus respectivos Tempo e Espaço.
- Desapareçam!
Malditos! Não pude nem se quer acertar meu golpe. Além de repeli-lo ainda me atingem. Meu corpo caía sobre as árvores. E lá estava eu novamente. Jogado, humilhado, sem forças, ao pé de uma árvore daquele mesmo jardim. Sim, o jardim em que nos conhecemos: Alicia. Quando abri meus olhos eu a vi. Sim... era ela!?
- Darkrai, você está bem?
- Alicia?
Ela então, com um sorriso no rosto, negava com a cabeça. Mas como? Ela é tão igual! Suas semelhanças podem ser comparadas com um livro grosso em letras miúdas, lido milhares de vezes e nunca entendido em vista do leitor. Até mesmo o autor poderia se levar pela história e descobrir coisas que não havia escrito. E aqui, tudo que escrevi sobre Alicia tornou-se novo para mim.
- Eu sou Alice. Alicia era a minha avó.
- Alice?
- Desculpe-me. Você se feriu para proteger a minha cidade.
Então era isso? Aquela garotinha que eu salvara do abismo no jardim era Alice. A neta de Alicia. Isso explica as semelhanças.
“A minha cidade” foi isso que ela disse não foi? Desculpe Alice, um dia sua avó me dissera que “aqui é de todo mundo”, ela pode não ter lhe dito isso, mas deveria saber. Não posso culpá-la, aliás, você é de fato a minha querida Alicia, e não vou deixar que nada aconteça com essa cidade. Não importa de quem seja, todos podem desfrutar dela, todos podem conviver em harmonia aqui mesmo, nesse jardim. Mas antes, tenho que cumprir minha missão: salvar nossa cidade. A cidade de todos.
Sumi em minha sombra, renovado pelas palavras e a imagem daquela jovem. Vou confrontá-los, nem que eu perca minha vida por isso. Nunca deixarei que esse lugar se extingue. Esses dois podem ser poderosos, seus poderes podem apenas fazer com que eu me defenda. Mas não. Não vou deixar que machuquem Alice. Joguei-me entre o balão e o poderoso golpe de guardião do Tempo. Despenquei, até cair nas águas do jardim.
Fui salvo por um jovem e outros Pokémon, e logo escutei a voz dela perguntando se eu estava bem. Alice, até nisso você é parecida com sua avó. Sua voz é quase uma ópera em meus ouvidos.
- Você está bem? Está ferido? Está doendo? Alicia vai cuidar de você.
Sim. Eu lembro. Foi isso que ela me disse. Eu mal conseguia erguer-me. Mas agora eu sei. Eu sei o que aquilo significa. Este lugar deve ser preservado. Muitas vidas dependem disso. “Aqui é de todo mundo.” Todo mundo. TODO MUNDO.
Levantei-me e parti em direção daqueles dois, que deveriam controlar o Tempo e o Espaço, mas querem brigar por esse lugar. Eles não entendem. Ninguém pode ter este lugar para si. “Aqui é de todo mundo.” Isso que eles têm que entender.
- Parem.
De nada adiantava, tive que prendê-los. Mas não posso aguentar muito tempo. Eles têm que entender. Eles têm que ver que não podem ter essa cidade. Não podem brigar por algo que não é somente deles. Eles têm que entender que:
- Aqui é de todo mundo!
Não tenho mais forças. Mantê-los paralisados exige de muita energia, a qual está quase esgotada em meu corpo. Lamento! Alicia, Alice e todos os outros. Eu falhei. Talvez haja algum outro modo de derrotá-los. Tentei proteger o lugar de todos. Mas fui fraco. Peço perdão. Meu corpo já não pertence mais há esse Espaço, e muito menos há esse Tempo. Fui fraco... fui fraco...
Espere... essa melodia. Dizem que quando tocada pode fazer o Tempo e o Espaço caminharem lado a lado. Será verdade? Alicia a tocava para mim e eu sempre a ouvia com muita atenção. Então é isso. Não devo partir. Devo ficar.
Finalmente. O Tempo sossegou e o Espaço entrou novamente em órbita. Essa é a atmosfera que essa cidade deve ficar. Esse é o Tempo em que o espaço fora dividido entre todos. Esse é o Espaço em que o tempo corre a favor dos mesmos. E eu? Sim. Assim como vocês Alicia e Alice, devo ficar aqui. Como minha primeira amiga um dia me dissera: “Pois aqui é de todo mundo!”
Meu primeiro pesadelo. Fora nesse jardim. Ninguém tinha a permissão de me incomodar. O que eles estavam fazendo aqui? Quem pensão que são? Este lugar é meu. Vão embora! Voltem para o lugar de onde vieram. Assim era meu pensamento. Alicia! Sonho com o dia em que sua voz volte a habitar meus ouvidos. Lembro do que me dissera:
- Alicia vai cuidar de você.
Naquela hora abri meus olhos e pude a ver. Como uma garotinha tão jovem podia ter um coração tão puro e amoroso como o seu? Você fora o primeiro ser a me oferecer ajuda. E eu que pensava que os humanos só queriam me prender dentro daquelas bolas apertadas. Como um Pokémon pode conseguir viver dentro daquilo?
Quando não mais aguentava a angústia de meus pesadelos você soube me conter. Você soube dizer exatamente o que eu queria ouvir. Tão inocente, mas tão diferente. Será que existem outros humanos assim? Tão acolhedores, que não me querem apenas como status ou algo do tipo? Será que mais alguém me dirá coisas belas como ela me dissera quando estava eu, lá atirado ao pé de uma árvore, após fugir de meus sonhos?
- Você está fugindo? Quer ficar aqui?
- Tudo bem se eu ficar?
- Você pode ficar pra sempre aqui! Porque aqui é de todo mundo!
“Aqui é de todo mundo!” Nunca me esquecerei disso. Não importa o quanto os humanos, ou até mesmo os próprios Pokémon me odeiem. Este lugar é deles, junto a mim. Junto a Alicia. Sim, junto a Alicia!
Como uma boneca de pano, uma folha de outono, ou então um papel jogado de ultimo andar dessas estruturas metálicas neste lugar postas. Eu a vi despencar de cima daquele morro, gritava de desespero. Não tive dúvidas, “aqui é de todo mundo”, tive que salva-la. Saltei em sua direção, passando por duas árvores ali postas com você nos braços. Que alívio! E se ali eu a perdesse? Senti que alguém se aproximar, então apenas a repousei na macia grama do jardim, e através de minha sombra me refugiei para o meio das árvores.
Os pesadelos voltaram. Estou tão confuso. Não sei dizer ao certo quem é culpado. Só sei que esse lugar não é deles. Devo expulsa-los antes que acabem com tudo. Mas quem são eles? Os humanos? Outros Pokémon? Não sei. Estou tão confuso. Ambos me confrontam. O que devo fazer? No momento só posso mandá-los em um sono profundo. Em um pesado-lo dentro de suas próprias almas. Em uma viagem astral para descobrirem, e assim me disserem quem são os culpados. Posso tentar. Mas... como fazer isso se não sei quem é culpado? Maldição. Por que vocês não desaparecem logo?!
Não pode ser. Um deles... O que sinto é fúria? Como pode ter acontecido isso? A barreira entre o Espaço está aberta. Logo o Tempo também se extinguirá. Devo confrontá-los. Somente eu posso consertar. Alicia, isso é por você, que me ensinou a ver um mundo diferente. Um mundo em que ninguém está sozinho. Um mundo que é de todos. Todos, menos desses dois que pretendem destruir com o que não é deles.
- Parem de lutar.
Caíam os dois na direção dela. Sim... era Alicia! Tenho certeza disso. Não vou permitir que a machuquem. Lancei-me entre eles e ela os impedindo de feri-la. Após isso voltamos aos céus. Desta vez era contra mim. Finalmente. Finalmente eu havia encontrado os responsáveis por essa colisão, entre Tempo e Espaço.
Preparei meu golpe, desta vez para mandá-los de volta aos seus respectivos Tempo e Espaço.
- Desapareçam!
Malditos! Não pude nem se quer acertar meu golpe. Além de repeli-lo ainda me atingem. Meu corpo caía sobre as árvores. E lá estava eu novamente. Jogado, humilhado, sem forças, ao pé de uma árvore daquele mesmo jardim. Sim, o jardim em que nos conhecemos: Alicia. Quando abri meus olhos eu a vi. Sim... era ela!?
- Darkrai, você está bem?
- Alicia?
Ela então, com um sorriso no rosto, negava com a cabeça. Mas como? Ela é tão igual! Suas semelhanças podem ser comparadas com um livro grosso em letras miúdas, lido milhares de vezes e nunca entendido em vista do leitor. Até mesmo o autor poderia se levar pela história e descobrir coisas que não havia escrito. E aqui, tudo que escrevi sobre Alicia tornou-se novo para mim.
- Eu sou Alice. Alicia era a minha avó.
- Alice?
- Desculpe-me. Você se feriu para proteger a minha cidade.
Então era isso? Aquela garotinha que eu salvara do abismo no jardim era Alice. A neta de Alicia. Isso explica as semelhanças.
“A minha cidade” foi isso que ela disse não foi? Desculpe Alice, um dia sua avó me dissera que “aqui é de todo mundo”, ela pode não ter lhe dito isso, mas deveria saber. Não posso culpá-la, aliás, você é de fato a minha querida Alicia, e não vou deixar que nada aconteça com essa cidade. Não importa de quem seja, todos podem desfrutar dela, todos podem conviver em harmonia aqui mesmo, nesse jardim. Mas antes, tenho que cumprir minha missão: salvar nossa cidade. A cidade de todos.
Sumi em minha sombra, renovado pelas palavras e a imagem daquela jovem. Vou confrontá-los, nem que eu perca minha vida por isso. Nunca deixarei que esse lugar se extingue. Esses dois podem ser poderosos, seus poderes podem apenas fazer com que eu me defenda. Mas não. Não vou deixar que machuquem Alice. Joguei-me entre o balão e o poderoso golpe de guardião do Tempo. Despenquei, até cair nas águas do jardim.
Fui salvo por um jovem e outros Pokémon, e logo escutei a voz dela perguntando se eu estava bem. Alice, até nisso você é parecida com sua avó. Sua voz é quase uma ópera em meus ouvidos.
- Você está bem? Está ferido? Está doendo? Alicia vai cuidar de você.
Sim. Eu lembro. Foi isso que ela me disse. Eu mal conseguia erguer-me. Mas agora eu sei. Eu sei o que aquilo significa. Este lugar deve ser preservado. Muitas vidas dependem disso. “Aqui é de todo mundo.” Todo mundo. TODO MUNDO.
Levantei-me e parti em direção daqueles dois, que deveriam controlar o Tempo e o Espaço, mas querem brigar por esse lugar. Eles não entendem. Ninguém pode ter este lugar para si. “Aqui é de todo mundo.” Isso que eles têm que entender.
- Parem.
De nada adiantava, tive que prendê-los. Mas não posso aguentar muito tempo. Eles têm que entender. Eles têm que ver que não podem ter essa cidade. Não podem brigar por algo que não é somente deles. Eles têm que entender que:
- Aqui é de todo mundo!
Não tenho mais forças. Mantê-los paralisados exige de muita energia, a qual está quase esgotada em meu corpo. Lamento! Alicia, Alice e todos os outros. Eu falhei. Talvez haja algum outro modo de derrotá-los. Tentei proteger o lugar de todos. Mas fui fraco. Peço perdão. Meu corpo já não pertence mais há esse Espaço, e muito menos há esse Tempo. Fui fraco... fui fraco...
Espere... essa melodia. Dizem que quando tocada pode fazer o Tempo e o Espaço caminharem lado a lado. Será verdade? Alicia a tocava para mim e eu sempre a ouvia com muita atenção. Então é isso. Não devo partir. Devo ficar.
Finalmente. O Tempo sossegou e o Espaço entrou novamente em órbita. Essa é a atmosfera que essa cidade deve ficar. Esse é o Tempo em que o espaço fora dividido entre todos. Esse é o Espaço em que o tempo corre a favor dos mesmos. E eu? Sim. Assim como vocês Alicia e Alice, devo ficar aqui. Como minha primeira amiga um dia me dissera: “Pois aqui é de todo mundo!”
FIM
