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    [+16] Caos

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    Mensagem por AzoS 01.03.14 16:21



    Caos


    Prólogo

    Os últimos raios de sol do dia expandiam-se fracamente pela cidade, num desespero sufocado, engolidos pela noite emergente. As pessoas estavam indiferentes ao sofrimento do grande astro e continuavam seus afazeres, que agora chegavam ao fim. Todos tentavam reprimir ao máximo a tensão que crescia cada vez mais com a ameaça iminente de uma guerra próxima. Bombardeios repentinos e ataques inesperados fortaleciam o medo e a impotência mediante o inimigo; um país vizinho, governado por um ditador que se achava no direito de subjugar e atacar nações economicamente mais fracas. Se uma guerra acontecesse, a derrota seria inevitável. Mas Lucas não se importava com nada disso. Feliz com seus cinco anos e se achando autossuficiente, só pensava no que iria comer na janta. Seu pai havia prometido pizza, mesmo a contragosto da mãe, que preferia economizar e fazer uma janta mais simples. Ela dizia que em tempos assim, precisariam de todo o dinheiro possível. O pai retrucava que, se uma guerra acontecesse, todo o dinheiro iria queimar de um jeito ou de outro. Lucas também não dava importância a isso. Sua irmã, Ana, por outro lado, preocupava-se com todos os detalhes. Andava atenta a tudo e todos, suspeitando de cada pessoa encapuzada e de cada carro estacionado. Começava a suspeitar até dos professores e dos colegas de classe. Não podia confiar em nada e em ninguém. Talvez muito preocupada para alguém com apenas oito anos. Talvez não.
    Lucas brincava com seu carrinho favorito, havia ganhado no natal passado; um carro de metal, vermelho prateado, com detalhes dourados no capô em miniatura. Ana checava o smartphone, respondendo às bobeiras inocentes que suas amigas lhe mandavam. Lindsey havia chamado Erica de "vadia" em uma rede social, e os comentários borbulhavam no post. Alguns falavam até em suspensão. Talvez não fossem bobeiras tão inocentes assim. Os irmãos esperavam o pai chegar para levá-los para casa. Os dias de quarta eram sempre mais longos por conta do horário a mais que os alunos ficavam na escola; um prédio gigante e moderno, conhecido por sua eficiência e excelência nos meios acadêmicos. "Formando para a vida" era o lema. Um dia normal, apesar da tensão. O pai das crianças não demorou a chegar, dirigindo o sedã cinza já bem conhecido pelo casal de irmãos. Ambos correram para dentro quando o pai abriu a porta. Uma típica conversa se seguiu, com perguntas sobre o dia e sobre o conteúdo aprendido. Lucas estava empolgado demais com o brinquedo para responder com sinceridade e Ana simplesmente não ouviu. Falariam com o pai quando chegassem em casa.

    Mas não chegariam.

    Tudo aconteceu em segundos. Primeiro, o som, aquele zunido crescente que indica algo caindo. Depois, o clarão. O barulho, os destroços, a poeira e o sangue vieram depois. O que antes era uma rua repleta de pais e filhos, professores e funcionários era agora um amontoado de corpos e concreto. A fumaça queimava os pulmões dos poucos sobreviventes ao bombardeio em conjunto com o ar denso e quente. Os jornais não haviam alertado a população, haviam até dito que aquele seria um dia pacato. As sirenes não haviam tocado. Nada. Nenhum tipo de aviso. Ninguém teve tempo de correr para o subsolo ou rezar por sua alma. E, lá estava o sedã, o vidro da frente completamente destruído. Ana soluçava incontrolavelmente depois da repentina explosão. Lucas estava pálido. O pai estava assustadoramente quieto. Alguns blocos de concreto haviam voado em direção ao carro com o bombardeio da escola e atingido os vidros. Um deles atravessou o para-brisa e atingiu o homem, que agora possuía um ferimento no crânio. Ana chorava por socorro, enquanto Lucas observava seu sangue brotar de um pequeno ferimento na mão direita. Talvez um pouco de vidro o tivesse atingido. As portas da esquerda estavam amassadas e os vidros rachados. O lado direito ainda era usável. Ana caiu em si e, num repentino ato de luta pela vida, abriu a porta, puxando Lucas consigo. Ambos saíram do carro e perceberam que eram uns dos poucos vivos na rua. O mais estranho era que não havia sinal de avião no céu, e ninguém se lembrava de ouvir o zunido característico. Aquele dia seria lembrado pelos próximos doze anos como o bombardeio mais misterioso de todos. Só então descobririam que bomba alguma havia sido utilizada. Descobririam também que não havia sido um ataque realizado pelo país vizinho. Doze anos depois daquele dia, o mundo descobria uma força superior a qualquer potência mundial. Descobririam que o bater de asas de uma borboleta poderia gerar muito mais do que tufões.

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