Prologue: Neu
- Abaixe a arma. - falou Red calmamente.
Fitava o homem de sobretudo preto sem medo, enquanto uma forte chuva cinzenta de novembro caía sobre eles. Giovanni abriu um sorriso dotado de malícia e desprezo. Ele apontou para a cabeça do Campeão, rindo freneticamente, até diminuir o ritmo e recuar suavemente a arma.
- Vocês me dão nojo. - comentou, retirando um lenço branco do bolso para tentar secar a arma, sem sucesso. - Todo esse heroísmo é por nada, Red. Você não conhece o mundo: você é apenas um rapaz que saiu brincando de caçar pokémon e no meio disso, se meteu onde não devia. E agora acha que tudo pode ser resolvido assim? Tsk, tsk. É decepcionante saber que pisa na mesma terra que alguém como eu. - ele então deu outro sorriso, com maior desprezo.
- Calado! - falou o jovem, aparentemente transtornado. Não usava seu boné, o que fez os cabelos negros escorrerem pelo rosto. - Se não sou mais que uma criança, você não é mais que um velho obcecado por suas coleções. Você nunca chegará aos pés d'uma real máfia; seu vândalo de merda!
- Oh!, então deixei a criancinha nervosa, hã? - riu. - Um vândalo poderia lhe estourar os miolos? - ele sacou a arma novamente, colocando-a na testa pálida do rapaz, que engoliu as palavras em seco. - Se eu te matar, nenhum dos seus amiguinhos poderá abrir a boca contra mim, pois isso ocasionaria no pânico de toda a nação de Kanto. Você seria apenas mais uma vítima da violência... Um pobre garoto baleado na cabeça.
- Quer tentar? - perguntou, com a voz firme.
- Você é muito inescrupuloso, sabia? - ele então puxou o gatilho. O corpo de Red caiu para frente, com a cabeça sobre os sapatos de couro negro do mafioso. Giovanni abaixou-se, puxando todas as pokéballs do cinto do rapaz. - Ficarei com esses... Troféus. - ele encarou o Pikachu, que respondeu com um olhar furioso. - É uma pena que não poderei levar seu corpo como o principal, sabe? - ele puxou os cabelos do rapaz, levantando a cabeça ensangüentada. - Seus amiguinhos iriam suspeitar muito fortemente de mim.
A chuva parava lentamente, enquanto o cheiro ácido - e as poças - de sangue se alastravam ao redor do cadáver. O assassino sumia na escuridão da noite cálida.... E as corujas cantavam à floresta a ruína de suas vidas.